A inclusão de crianças com deficiência faz muitos professores e pais se questionarem sobre as reais possibilidades e adaptações necessárias para contemplar a demanda de cada aluno em específico. Quando o professor recebe um aluno com Autismo, ele vem acompanhado de muitas dúvidas. É necessário buscar meios para superar as dificuldades cotidianas.
O aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta algumas dificuldades que podem dificultar o seu processo de inclusão. Podemos citar as questões comportamentais envolvidas, por exemplo: a depender do caso a criança pode ser agressiva com os colegas, com os professores ou se autoagredir. Além disso existem as dificuldades comunicativas e sociais que interferem diretamente na relação professor/aluno e com os colegas de classe.
A inserção da criança com TEA na escola possui um objetivo muito além. O foco não se resume apenas na fala, mas também proporcionar relações interativas e, consequentemente, por meio da interação, ampliar as competências linguísticas do aluno. É importante considerar que quando a criança se sente incluída no contexto da escola, além de propiciar a estimulação da linguagem e favorecer interações sociais eficazes é comum haver uma mudança positiva na esfera comportamental, pois o aluno se torna mais participativo e organizado.
Ao elencar as dificuldades comportamentais, comunicativas e sociais enfrentadas pelo professor, pelos coleguinhas e pelos demais profissionais da escola ao receberem um aluno com autismo, surge um questionamento: Como reduzir esses obstáculos e tornar o processo realmente inclusivo? Devemos refletir e buscar alternativas reais que conduzam à inclusão desses alunos, independente se eles precisem de adaptações de pequeno, médio ou grande porte.
Mas afinal quem fará essa mediação entre meu filho e o professor, os coleguinhas e demais integrantes da escola? Existe um profissional que faz este trabalho e ele já recebeu vários nomes aqui no Brasil, por exemplo: facilitador escolar, tutor escolar, assistente educacional, professor de apoio, cuidador e mediador escolar. Vou utilizar a palavra mediador que se refere ao indivíduo que media, ou seja, o processo de mediar significa estar no meio entre dois pontos.
Agora que vocês já sabem da existência desse profissional, é necessário compreender mais a fundo o que é e qual sua função dentro da escola. A especialista em Inclusão Escolar Renata Mousinho nos diz:
“O mediador escolar deve ter a aptidão e habilidades interpessoais necessárias para desenvolver e manter relações de trabalho eficazes com as crianças, famílias e demais profissionais que as assistem, que inclui saber respeitar e compreender as dificuldades da família e da criança, ter flexibilidade para se adequar à dinâmica do ambiente escolar que estará se inserindo, disponibilidade para aprender e muita criatividade. O mediador é aquele que no processo de aprendizagem favorece a interpretação do estímulo ambiental, chamando a atenção para os seus aspectos cruciais, atribuindo significado à informação recebida. ”
A presença do mediador é fundamental no processo de inclusão do aluno com TEA, pois ele contribui com diversas situações dentro do contexto escolar. Vale destacar algumas delas, tais como: auxiliar na percepção das variações por meio da distinção das informações sensoriais, auditivas e visuais entre outras; ajudar a detectar possíveis obstáculos, identificar o problema e buscar soluções, contribuindo para que o aluno seja mais ativo e tome iniciativa de acordo com os mais variados contextos.
O mediador deve ser bastante flexível e criativo, incentivar e encorajar a criança atuando em pequenas mudanças da sua rotina, mediando a resolução de conflitos, contribuindo para que ela reconheça, tome a iniciativa, aprenda a ser mais tolerante e a lidar com as mais diversas situações. Renata também nos diz que:
“Por meio da mediação, a criança pode ser levada a permanecer por mais tempo em atividades sequenciais que exijam ações complexas e comunicação. Para isso o mediador pode: lançar experiências que solicitem várias etapas na resolução do problema (usando uma forma de comunicação); questionar quem quer resolver o problema; o que deve ser resolvido e oferecer recursos para que o problema seja resolvido. A oferta de recursos no auxílio à resolução do problema deve ser realizada de forma sutil, indicando, por exemplo, onde a resolução do problema pode ser procurada e quais as ferramentas necessárias. ”
Qual é a Principal Função do Mediador no Processo de Inclusão?
Os mediadores colaboram diretamente com os professores na sala de aula desde pequenas adaptações na estrutura física do ambiente como também adaptações curriculares de caráter individualizado. Eles organizam a sala de aula e os objetos ao redor que podem se tornar prováveis distrações e evitam a exposição daqueles que representam fixações. Eles também auxiliam na elaboração de atividades e trabalhos individualizados, apoiam as crianças no processo de aprendizagem e quando solicitados aplicam material, proporcionando uma atenção mais direcionada para aqueles alunos que estão apresentando dificuldades com o material utilizado com o resto da turma.
É importante destacar que as adaptações curriculares só podem ser feitas segundo a proposta do professor responsável pela turma e em consonância com os acompanhamentos terapêuticos da criança. Por isso, é preciso haver comum acordo entre mediador, equipe pedagógica e os especialistas, visto que o mediador não pode em hipótese alguma ocupar o lugar de professor “particular” da criança.
Agora que sabemos quem é esse profissional tão importante e sua função na sala de aula, mas especificamente nos casos de crianças com autismo, seu papel é intermediar as questões relacionadas aos aspectos sociais, comportamentais, de comunicação, atividades e brincadeiras lúdicas, como também nas atividades pedagógicas.
Vale lembrar também que, segundo a Lei Brasileira de Inclusão, toda sala de aula com um aluno com deficiência deve ter um mediador para auxiliar a criança. Além disso, no caso das escolas particulares, o pais não devem receber nenhuma cobrança extra da escola por causa desse profissional.
Em outro momento vou oferecer sugestões de como esse profissional pode atuar na inclusão e contribuir em cada um desses aspectos.