Como construir Brincadeiras Inclusivas? - Carla Ulliane

Como construir Brincadeiras Inclusivas?

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Neste último dia 28 de maio, foi comemorado o dia Mundial do Brincar e ao invés de escrever mais um texto sobre a importância do brincar resolvi falar um pouco sobre o Brincar na diversidade. Por que esse tema? Bem, percebo em meu consultório as dificuldades dos pais em brincarem com seus filhos Autistas, Deficientes Intelectuais, com Paralisia Cerebral, entre outros.

Muitos alegam falta de tempo, contudo é nítido que os adultos não sabem brincar quando seus filhos são deficientes. Pois,  lidar com uma pessoa deficiente, mesmo quando adulta, ainda é considerado um grande desafio para a maioria das pessoas por inúmeros motivos como: o medo de não saber agir diante do outro, de não conseguir tornar as atividades lúdicas acessíveis, como também, infelizmente, o desinteresse em buscar outras alternativas que possam beneficiar a todos.

Vocês devem estar se perguntando: Qual o segredo para que a brincadeira se torne inclusiva? Apesar de não existir uma receita pronta para que a brincadeira se encaixe em todas as circunstâncias, a resposta é bem simples: Podemos utilizar algumas premissas consideradas básicas para garantir a inclusão de todos na brincadeira. As principais são:

  • Respeitar o tempo e o conhecimento de cada um;
  • Combinar com os envolvidos a melhor maneira de tornar a brincadeira inclusiva;
  • E, por fim, buscar proporcionar a mesma oportunidade de experiência para todos os participantes da brincadeira.

Brincadeiras inclusivas

Vale ressaltar que a inclusão começa desde o berço, na convivência diária, nas rotinas do dia a dia e também nas brincadeiras. Os ambientes acessíveis são fundamentais pois as atividades devem possibilitar o acesso a todos, respeitando suas necessidades e os desejos de pessoas com deficiência auditiva, visual, intelectual, física, múltipla, surdocegueira, autismo, entre outras, representando um enorme desperdício de oportunidades quando não optamos por aprender com a diversidade.

Por fim, é importante destacar que nesse processo inclusivo com bom senso, flexibilidade e interesse qualquer brincadeira pode se tornar inclusiva. Assim como, é necessário trabalhar o receio de não saber lidar com pessoas deficientes, pois é o início da construção de uma brincadeira divertida para todos, o convívio é capaz de superar qualquer diferença.

Diante disso, apresento dicas que poderão ser úteis na elaboração de brinquedos e brincadeiras inclusivos. Mas, lembrando sempre que apesar de nortearem o processo de construção dessas atividades, essas dicas não significam uma receita pronta, pois não existe um manual universal para lidar com as pessoas. É de suma importância desenvolver flexibilidade para possíveis adaptações solicitadas coletivamente. Seguem algumas dicas gerais para a construção de brinquedos e brincadeiras inclusivas:

Respeite a diversidade

É importante compreender que devemos respeitar o tempo de cada um, bem como reconhecer sua individualidade, pois cada pessoa possui um jeito único de ser e estar no mundo, com suas qualidades e os seus desafios. Por isso, busque não usar a deficiência como um rótulo.

Saiba como oferecer ajuda

É necessário perceber o momento em que o outro precisa de ajuda, assim a ofereça quando a pessoa realmente precisar, mas entenda quando a sua ajuda for dispensada. E, principalmente quando quiser ajudar pergunte ao outro qual a melhor maneira de fazer isso.

Nunca subestime o outro

Devemos aprender a não subestimar as habilidades de uma pessoa, como também não superestimar as suas dificuldades, lembrando que muitas delas são reflexos dos obstáculos existentes no meio ambiente e pela falta de apoio ou recursos adequados. Assim, as limitações para a realização das atividades podem ser minimizadas ou até eliminadas com a disponibilização dos recursos adequados.

Ouça o outro

É importante considerar e dá oportunidade da pessoa contribuir com sua opiniãoCrianças pequenas em brincadeiras inclusivas sobre algo. E, principalmente quando quiser perguntar alguma coisa, dirija-se diretamente para a pessoa sem necessitar recorrer a terceiros.

Estimule as habilidades durante as atividades

É de suma importância estimular as habilidades e valorizar as qualidades que o outro possui. Lembrando que, todos possuem talentos, afinidades e potenciais em determinadas áreas de interesse.

Durante as atividades busque estimular os participantes a encontrarem soluções para que a brincadeira seja inclusiva. Ao perceberem que alguém está sendo excluído interrompam a brincadeira e procurem, juntamente com a pessoa e os demais participantes, alternativas para que todos sejam incluídos nas atividades.

Com esse texto temos a possibilidade de refletir que para brincar não existe idade, fronteiras e muito menos espaço para preconceito e/ou discriminação. Os brinquedos e as brincadeiras devem ser universais, inclusivos e permitir a participação de todos, tanto os que desejam brincar como os que querem ajudar na brincadeira.

 

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Fonoaudióloga e Mestre em Educação pela UFS, Carla Ulliane atende crianças autistas e com atrasos na aquisição da linguagem. Além de clinicar, presta serviços de consultoria em Educação Inclusiva e ajuda os pais a lidar com o peso do diagnóstico de autismo como Coach.

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