O Elemento Essencial na Inclusão Escolar de uma Criança com Autismo - Carla Ulliane

O Elemento Essencial na Inclusão Escolar de uma Criança com Autismo

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A inclusão de crianças com deficiência faz muitos professores e pais se questionarem sobre as reais possibilidades e adaptações necessárias para contemplar a demanda de cada aluno em específico. Quando o professor recebe um aluno com Autismo, ele vem acompanhado de muitas dúvidas. É necessário buscar meios para superar as dificuldades cotidianas.

O aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta algumas dificuldades que podem dificultar o seu processo de inclusão. Podemos citar as questões comportamentais envolvidas, por exemplo: a depender do caso a criança pode ser agressiva com os colegas, com os professores ou se autoagredir. Além disso existem as dificuldades comunicativas e sociais que interferem diretamente na relação professor/aluno e com os colegas de classe.

A inserção da criança com TEA na escola possui um objetivo muito além. O foco não se resume apenas na fala, mas também proporcionar relações interativas e, consequentemente, por meio da interação, ampliar as competências linguísticas do aluno. É importante considerar que quando a criança se sente incluída no contexto da escola, além de propiciar a estimulação da linguagem e favorecer interações sociais eficazes é comum haver uma mudança positiva na esfera comportamental, pois o aluno se torna mais participativo e organizado.

Ao elencar as dificuldades comportamentais, comunicativas e sociais enfrentadas pelo professor, pelos coleguinhas e pelos demais profissionais da escola ao receberem um aluno com autismo, surge um questionamento: Como reduzir esses obstáculos e tornar o processo realmente inclusivo? Devemos refletir e buscar alternativas reais que conduzam à inclusão desses alunos, independente se eles precisem de adaptações de pequeno, médio ou grande porte.

Mas afinal quem fará essa mediação entre meu filho e o professor, os coleguinhas e demais integrantes da escola? Existe um profissional que faz este trabalho e ele já recebeu vários nomes aqui no Brasil, por exemplo: facilitador escolar, tutor escolar, assistente educacional, professor de apoio, cuidador e mediador escolar. Vou utilizar a palavra mediador que se refere ao indivíduo que media, ou seja, o processo de mediar significa estar no meio entre dois pontos.

Agora que vocês já sabem da existência desse profissional, é necessário compreender mais a fundo o que é e qual sua função dentro da escola. A especialista em Inclusão Escolar Renata Mousinho nos diz:

“O mediador escolar deve ter a aptidão e habilidades interpessoais necessárias para desenvolver e manter relações de trabalho eficazes com as crianças, famílias e demais profissionais que as assistem, que inclui saber respeitar e compreender as dificuldades da família e da criança, ter flexibilidade para se adequar à dinâmica do ambiente escolar que estará se inserindo, disponibilidade para aprender e muita criatividade. O mediador é aquele que no processo de aprendizagem favorece a interpretação do estímulo ambiental, chamando a atenção para os seus aspectos cruciais, atribuindo significado à informação recebida. ”

A presença do mediador é fundamental no processo de inclusão do aluno com TEA, pois ele contribui com diversas situações dentro do contexto escolar. Vale destacar algumas delas, tais como: auxiliar na percepção das variações por meio da distinção das informações sensoriais, auditivas e visuais entre outras; ajudar a detectar possíveis obstáculos, identificar o problema e buscar soluções, contribuindo para que o aluno seja mais ativo e tome iniciativa de acordo com os mais variados contextos.

O mediador deve ser bastante flexível e criativo, incentivar e encorajar a criança atuando em pequenas mudanças da sua rotina, mediando a resolução de conflitos, contribuindo para que ela reconheça, tome a iniciativa, aprenda a ser mais tolerante e a lidar com as mais diversas situações. Renata também nos diz que:

“Por meio da mediação, a criança pode ser levada a permanecer por mais tempo em atividades sequenciais que exijam ações complexas e comunicação. Para isso o mediador pode: lançar experiências que solicitem várias etapas na resolução do problema (usando uma forma de comunicação); questionar quem quer resolver o problema; o que deve ser resolvido e oferecer recursos para que o problema seja resolvido. A oferta de recursos no auxílio à resolução do problema deve ser realizada de forma sutil, indicando, por exemplo, onde a resolução do problema pode ser procurada e quais as ferramentas necessárias. ”

Qual é a Principal Função do Mediador no Processo de Inclusão?

Mediador inclusão de criança com atutismoDiante do exposto, evidencia-se algumas das atribuições do mediador. Mas qual a sua principal função na educação inclusiva? É assumir o papel de intermediário entre o aluno e os mais variados contextos por ele vividos. Assim, esse profissional pode atuar em outros ambientes além da sala de aula, como: as dependências da escola, pátio e nos passeios de cunho social e pedagógico. Ele também pode auxiliar na promoção da independência e autonomia, acompanhando a criança na realização das atividades de vida diária como: ir ao banheiro no período do desfralde. Lembrando que isso necessita ser de comum acordo com a equipe pedagógica, pois caso exista a professora auxiliar na turma não haja conflito nas ações entre ela e o mediador.

Os mediadores colaboram diretamente com os professores na sala de aula desde pequenas adaptações na estrutura física do ambiente como também adaptações curriculares de caráter individualizado. Eles organizam a sala de aula e os objetos ao redor que podem se tornar prováveis distrações e evitam a exposição daqueles que representam fixações. Eles também auxiliam na elaboração de atividades e trabalhos individualizados, apoiam as crianças no processo de aprendizagem e quando solicitados aplicam material, proporcionando uma atenção mais direcionada para aqueles alunos que estão apresentando dificuldades com o material utilizado com o resto da turma.

É importante destacar que as adaptações curriculares só podem ser feitas segundo a proposta do professor responsável pela turma e em consonância com os acompanhamentos terapêuticos da criança. Por isso, é preciso haver comum acordo entre mediador, equipe pedagógica e os especialistas, visto que o mediador não pode em hipótese alguma ocupar o lugar de professor “particular” da criança.

Agora que sabemos quem é esse profissional tão importante e sua função na sala de aula, mas especificamente nos casos de crianças com autismo, seu papel é intermediar as questões relacionadas aos aspectos sociais, comportamentais, de comunicação, atividades e brincadeiras lúdicas, como também nas atividades pedagógicas.

Vale lembrar também que, segundo a Lei Brasileira de Inclusão, toda sala de aula com um aluno com deficiência deve ter um mediador para auxiliar a criança. Além disso, no caso das escolas particulares, o pais não devem receber nenhuma cobrança extra da escola por causa desse profissional.

Em outro momento vou oferecer sugestões de como esse profissional pode atuar na inclusão e contribuir em cada um desses aspectos.

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Fonoaudióloga e Mestre em Educação pela UFS, Carla Ulliane atende crianças autistas e com atrasos na aquisição da linguagem. Além de clinicar, presta serviços de consultoria em Educação Inclusiva e ajuda os pais a lidar com o peso do diagnóstico de autismo como Coach.

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