Adaptações Curriculares para Receber o Aluno com Autismo - Carla Ulliane

Adaptações Curriculares para Receber o Aluno com Autismo

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Há uma semana, recebi e-mails de duas colombianas solicitando assessoria sobre adaptação curricular para crianças autistas. Coincidentemente já havia selecionado esse tema para o post dessa semana, pois percebo que é um grande desafio para alguns professores receberem uma criança com TEA (Transtorno do Espectro Autista).

À medida que vamos estudando e compreendendo o mundo dessas crianças percebemos o quanto devemos nos preparar para ajudá-las a atingir seus potenciais. Para isso algumas modificações no currículo devem ser realizadas, como também adaptações em áreas específicas que as crianças apresentem maior dificuldade. Isto é bastante desafiador, principalmente para os professores que não possuem experiência com alunos autistas.

Antes de mais nada precisamos entender: Qual a diferença entre modificação e adaptação curricular? De acordo com a Lamar University.

Adaptação para receber o aluno com autismo“A modificação implica alterar o conteúdo ensinado, mesmo que isso signifique omitir nem acrescentar ao currículo ou alterar os padrões de avaliação e de avaliação com base nas necessidades e limitações do aluno. Adaptação mantém a integridade do conteúdo no currículo, mas pode apresentá-lo em um formato diferente ou alterar o ambiente no qual o aluno aprende com base nas necessidades e limitações. Ele também usa a mesma escala de avaliação como o currículo padrão. Em outras palavras, modificação altera o que é ensinado e como o progresso é medido, enquanto a adaptação muda a forma como o conteúdo é apresentado e /ou acessado, mas não como o progresso é avaliado.”

Diante dessa diferença vocês podem estar se questionando: Então todos os alunos autistas necessitam de modificações e adaptações curriculares? A resposta é simples: NÃO! O professor precisa conhecer bem seu aluno e entender como ele se comporta, pois essas observações vão nortear a compreensão de quando e como as necessidades de aprendizagem devem ser trabalhadas.

Há alunos com autismo que conseguem obter bom desempenho em um ambiente de ensino tradicional com poucas adaptações ou nenhuma. Já outros de acordo com suas necessidades específicas e gatilhos de aprendizagem mais difíceis podem exigir uma modificação quase por completo do currículo adotado. É importante destacar que a necessidade de modificações a adaptações dependem de fatores como: a idade, nível de aprendizagem e assunto abordado em classe.

Seguem algumas dicas essenciais para modificações e adaptações curriculares para alunos autistas:

Observe se seu aluno necessita de modificações e adaptações curriculares

Professor de aluno com autismoÉ importante conhecer o nível de funcionamento do seu aluno e principalmente não realizar adaptações baseadas no rótulo de autismo, ou seja, não buscar no diagnóstico uma justificativa para não aprendizagem. Ao invés disso busque o apoio dos profissionais que acompanham a criança e juntamente com o pais proporcionem o apoio necessário para que ela possa progredir junto com seus colegas, alcançando seu pleno potencial.

Baseie-se nas necessidades do seu aluno e depois de observar quais áreas ele necessita de apoio busque se concentrar nelas. Adaptações curriculares podem incluir: modificação na instrução das atividades, alteração no formato da aula, planejamento com objetivos individualizados, utilização de materiais específicos, exploração de ambientes e uso de estratégias de ensino diferenciadas.

Realizar os ajustes necessários e ter um feedback com outros profissionais

Como já foi dito a idade e o nível de aprendizagem desempenham um papel importante na identificação da necessidade de apoio nas atividades em classe. Lembrando que, é comum utilizar estratégias diversas até encontrar uma que se adeque as necessidades do aluno, ou até mesmo ajustá-las antes de elaborar um plano individual. O único jeito de saber se as estratégias estão funcionando é observar o avanço do seu aluno e identificar quais as áreas as modificações e/ou adaptações curriculares estão surtindo efeito e aquelas nas quais as dificuldades persistem.

Outra dica importante é a necessidade constante de feedback com outros profissionais que acompanham a criança para que todos estejam cientes das dificuldades do aluno, como também saber o que ele consegue com o mínimo ou nenhum apoio. Isto facilita os profissionais da equipe educacional como também os terapeutas a compreenderem quais áreas devem ser melhor trabalhadas, além de destacar os pontos fortes para serem canalizados para superar as dificuldades em outras áreas de ensino.

Diante disso é imprescindível que os professores saibam diferenciar modificações de adaptações curriculares, assim como compreender as necessidades específicas dos seus alunos e poder realizar rapidamente as modificações e/ou adaptações necessárias para atingirem um bom desempenho. Em outro post, falei sobre as adaptações sensoriais. E, em breve, focarei em questões práticas como materiais e atividades para serem utilizados em sala de aula. Acompanhem!

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Fonoaudióloga e Mestre em Educação pela UFS, Carla Ulliane atende crianças autistas e com atrasos na aquisição da linguagem. Além de clinicar, presta serviços de consultoria em Educação Inclusiva e ajuda os pais a lidar com o peso do diagnóstico de autismo como Coach.

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