Como o Autismo entrou na minha vida - Carla Ulliane

Como o Autismo entrou na minha vida

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No período do vestibular, optei por Fonoaudiologia, pois sempre tive firme o interesse em trabalhar com crianças deficientes.  Assim, ao pesquisar sobre as áreas da Fonoaudiologia, me identifiquei com a de linguagem antes mesmo de entrar na universidade.Criança com autismo olhando para baixo

 Ao ingressar no curso, tive certeza da área que ia seguir ao concluir a graduação, inclusive fiz parte de um grupo de pesquisa sobre patologias da linguagem e comunicação alternativa.

No grupo formado por crianças autistas e com paralisia cerebral, realizávamos um trabalho em rede: criança, família e escola. Embora tenha permanecido por um ano, não acompanhei crianças com autismo. Contudo, no estágio tive meu primeiro contato com uma paciente que me ensinou muito com seu jeito singular de ser.

Ao iniciar meus atendimentos clínicos, a demanda que surgiu era apenas de adultos e idosos. No início eu gostava bastante, mas comecei a perceber que estava faltando algo, no entanto permaneci nessa clínica por quase dois anos.

Quando passei no mestrado, resolvi sair da clínica e ao retornar alguns meses depois fui para outra com a demanda predominante de crianças. Desse modo, meu coração se encheu de alegria, pois finalmente comecei a atuar na área de linguagem, todavia surgiu uma inquietude no que diz respeito ao autismo, pois passei a me questionar: E se aparecer um autista? Será que estou preparada para atender? O mundo do autismo é fascinante, mas cheio de percalços como tudo na vida.

Então, no dia 18 de junho de 2015, eis que chega em meu consultório a grande revelação que estava faltando em minha vida, aquela menina com 04 anos fofa, alegre, carinhosa, falante (mesmo com seu discurso ecolálico e ininteligível) que ganhou meu coração em um piscar de olhos. Seus pais haviam acabado de receber o diagnóstico de autismo pela neuropediatra, que a encaminhou para terapia fonoaudiológica.

Desde então, tenho buscado fazer cursos e ler bastante sobre o tema, mas confesso que muito do que aprendi foi na prática com minha paciente, com seu amor e alegria me mostrou que sou capaz e posso ir além. Ao presenciar a evolução dela, vibro a cada pequena conquista e graças a isso sei que estou no caminho certo enfrentando meus medos, angústias, ansiedades e principalmente aprendendo nas dificuldades para me superar cada vez mais.

Hoje, confesso que não busquei o autismo, mas sim ele entrou em minha vida pessoal e profissional para me tornar um ser humano e uma terapeuta cada vez melhor.

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Fonoaudióloga e Mestre em Educação pela UFS, Carla Ulliane atende crianças autistas e com atrasos na aquisição da linguagem. Além de clinicar, presta serviços de consultoria em Educação Inclusiva e ajuda os pais a lidar com o peso do diagnóstico de autismo como Coach.

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