Certa vez em uma das minhas orientações a família dos meus pacientes a mãe me questionou: a criança já nasce autista é? Em seguida, expliquei que, até o momento, a ciência não identificou as possíveis causas para o autismo. Contudo existem fatores de risco que podem favorecer o surgimento dele, como por exemplo: os fatores genéticos e ambientais.
Desse modo, vou explicar o papel desses fatores de risco e suas correlações com o Transtorno do Espectro Autista.
Fatores Genéticos
O que os estudos científicos mostram é a relação direta entre a genética e o autismo. De forma clara e estatística vamos entender como isso ocorre.
Uma pesquisa conduzida pela Autism Speaks identificou que se os pais tem um filho com autismo as chances do segundo nascer com o mesmo quadro é de 11% para menina e 25% no caso do bebê ser menino;
- Nos estudos genéticos com gêmeos idênticos, caso um dos irmãos tenha sido diagnosticado com autismo a probabilidade do outro vir a ter é de 36% a 95%;
- Quando são gêmeos não idênticos a chance diminui para 30%;
- Estudos mostram que crianças com doenças de origem genética (Síndrome de Down, do X frágil entre outras) possuem maiores chances de apresentarem o autismo como comorbidade.
Fatores Ambientais
Esses fatores de risco estão relacionados a danos sofridos no cérebro (em desenvolvimento) no período da gestação. Assim doenças como: rubéola, meningites, consumo de drogas e álcool, desnutrição da mãe entre outras podem desencadear alterações de estruturas no cérebro em formação, como também modificar fatores imunológicos e bioquímicos do organismo. Segundo os estudos científicos atuais essas alterações poderiam hipoteticamente predispor o surgimento do comportamento autista.
Diante desses dados é possível concluir que a criança já nasce autista. Porém infelizmente a ciência ainda não pode afirmar quais as suas causas. Há um estudo epidemiológico chamado SEED- Study to Explore Early Development (Estudo para Explorar o Desenvolvimento Precoce). Este estudo busca elencar os fatores de risco diretamente relacionados com o autismo, isso contribui na identificação das suas causas, bem como auxilia na busca por prevenção e tratamento mais eficaz para essas crianças.