2 Dicas de Brinquedos para Crianças com Autismo

Muitas mães apresentam dúvidas na escolha de brinquedos específicos para seus filhos com autismo. Na semana passada, uma mãe me perguntou: “Você tem dicas de brinquedos que ajudam no desenvolvimento da criança com autismo?” Achei muito interessante e resolvi escrever algumas dicas úteis para facilitar nessa escolha. É bastante comum os pais comprarem brinquedos que proporcionem o isolamento da criança ou até mesmo que ela nem saiba como brincar.

É importante considerar que o foco deve ser sempre a INTERAÇÃO entre a criança e seu parceiro durante a brincadeira. A função do objeto é apenas aproximá-los e proporcionar um ambiente agradável, com trocas de turnos comunicativos, olhares, sorrisos e toque físico como fazer cosquinhas um no outro.

Nosso objetivo é evitar que a criança preste atenção demais no brinquedo e a presença do adulto/ criança se torne indiferente para ela. Devemos ajudá-la a se interessar pelo outro na brincadeira, enquanto ambos utilizam o objeto de interesse.

A partir disso levo vocês para uma expansão de pensamento, pois ao invés de se perguntarem: “Quais os brinquedos que ajudam no desenvolvimento da criança com autismo?”, vocês podem pensar: “De que forma posso utilizar o brinquedo escolhido para construir interações eficazes com meu filho?”

Escolha brinquedos que auxiliem na interação, comunicação e imaginação

Ao apresentarmos a criança um determinado objeto devemos demonstrar várias maneiras interativas e divertidas que podemos realizar com ele. Atualmente existem muitos brinquedos eletrônicos no mercado disponíveis para todos os gostos e idades, mas devemos ser criativos e utilizar outras estratégias.

Ao invés de comprarem carros a pilha que fazem barulho e vão prender a atenção apenas no objeto optem por carrinhos, aviões e trens sem bateria. Outra dica é escolher bichos de pelúcia, personagens favoritos, bonecos de pano, fantoches de mãos, dedos e usem a criatividade, como: teatrinho de fantoches por exemplo.

Alguns exemplos de brinquedos que auxiliam na construção da brincadeira de faz de conta são:

• Cesta de piquenique;
• Kit cozinha de plástico com comidas em miniatura;
• Kit de médico;
• Fazendinha com animais em miniatura;
• Dinheiro de mentira;
• Instrumentos musicais simples como tambor, pandeiro, gaita, flauta, sino, xilofone, chocalho, violão, teclado.

 Além disso você pode utilizar acessórios de fantasia como:

• Tapa-olho de pirata;
• Perucas;
• Óculos coloridos;
• Nariz de palhaço;
• Máscaras de super-herói e animais;
• Capas;
• Chapéus;
• Pintura facial entre outros.

O adulto pode fingir que o boneco está cantando a música predileta, como também fingir que deu corda e o brinquedo fazer cosquinhas na criança. Ou seja, apesar do boneco ser bem atrativo e divertido o adulto também estará fazendo parte do momento de interação, sem contar que a criança dará muitas gargalhadas e perceberá mais a presença do outro por meio da utilização adequada do objeto.

Use e abuse da criatividade

A maioria dos brinquedos podem ser feitos em casa com a utilização de uma variedade de materiais, por isso deixe sua criatividade e imaginação ir além. Alguns deles são:

• Caixas de papelão e sapato;
• Garrafas de plástico;
• Panos;
• Potes;
• Cobertor;
• Lençol;
• Tecido de lycra;
• Colchonete;
• Almofadas;
• Massinha;
• Caixa sensorial com lenços, penas, luvas de borracha, escovas, objetos com formatos diferentes e tecidos com texturas variadas.

Outra dica importante é deixar separado material para colorir, desenhar, pintar, escrever e deixar a imaginação do seu filho ir além. Alguns materiais necessários são:

• Papel;
• Cartolina;
• Giz de cera;
• Canetinhas;
• Tinta;
• Tesoura sem ponta;
• Fita crepe;
• Cola.

Vou citar o exemplo de um paciente com 7 anos e diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. Na entrevista inicial a mãe relatou que seu filho ama assistir jornais, sabe os nomes dos apresentadores, horários e sonha em ser jornalista. Antes mesmo do primeiro contato já imaginei a construção de uma interação por meio daquilo que é interessante para a criança, ou seja, utilizar materiais para confeccionarmos uma câmera e um microfone e realizarmos gravações rápidas durante a terapia.

Vamos criar o nosso jornal e nossa própria programação, ora ele será o apresentador e eu a cameramen e vive versa. Lembrando que a utilização de tablets, como também a gravação de vídeos em celulares e posterior observação podem ser utilizadas como estratégias, desde que eles não criem obstáculos na interação e comunicação entre a criança/adulto e terapeuta/paciente. Tudo é uma questão de dosar, saber em quais circunstâncias e a quantidade de tempo utilizados.

Alguns exemplos de brinquedos que não podem faltar em sua casa e ajudam na interação com seu filho são:

• Blocos grandes para montar;
• Bolhas de sabão;
• Balões para encher;
• Bolas;
• Jogo de boliche de plástico;
• Livros com histórias preferidas;
• Letras e números (alfabeto móvel);
• Jogos variados como dominó, memória e quebra-cabeça;
• Cartões para pareamentos e associações diversas;
• Cartões com sequência de uma história.

É interessante inserir jogos a medida que a criança for crescendo como: tabuleiro, físicos como o “Twister”. Esses jogos tem diversas etapas ligadas a uma mesma temática e um objetivo final, cooperativos em que os participantes fazem alianças em direção a um objetivo, jogos onde os participantes agem como diferentes personagens ou animais e com perguntas sobre fatos ou perguntas pessoais. Lembrando que boa parte podem ser confeccionados em casa, de modo a considerar os interesses específicos da criança como do adulto.

Vale destacar que não é obrigatório comprar todos os brinquedos e materiais aqui mencionados, pelo contrário selecione os objetos que a criança demonstra maior interesse e que não represente perigo para sua saúde e segurança.

O mais importante é buscar conhecer as preferências e o modo como seu filho brinca, assim vocês serão certeiros na escolha dos brinquedos. Estes são meios que auxiliam na construção de interações eficazes, aprimoramento de habilidades sociais, expansão da imaginação e, consequentemente, um melhor aprendizado.

Eu também escrevi outro post que com 2 brincadeiras interativas para crianças com autismo, clique aqui e leia mais.