O que aprendi com o Férias com Emoção - Carla Ulliane

O que aprendi com o Férias com Emoção

Compartilhe
  • 87
    Shares

Recentemente tive a oportunidade de participar de uma experiência incrível e gostaria de compartilhar alguns aprendizados com vocês. Juntamente com outros profissionais faço parte do grupo Foco Kids. Nós desenvolvemos ao longo de uma semana um projeto voltado para crianças de 06 a 10 anos. O Férias com Emoção: grupo de habilidades socioemocionais para crianças buscou auxiliar no desenvolvimento dessas competências já na infância. Estas habilidades são imprescindíveis para a vida adulta, pois promovem o autoconhecimento, a resolução de conflitos, ensinam o manejo correto de modo a transformar as emoções e comportamentos que, por ventura, atrapalham no desenvolvimento saudável da criança.

Mas afinal o que são as habilidades socioemocionais?  São um conjunto de competências que aprendemos no decorrer da vida com o objetivo de lidar melhor com nossas emoções, pensamentos e comportamentos. Essas habilidades propiciam bons relacionamentos com os outros, ajudam na busca e alcance dos nossos objetivos, como também trabalham as relações entre pensamentos, sentimentos e comportamentos. Diante de tamanha relevância social, o grupo Foco Kids criou esse belíssimo projeto para auxiliar as crianças aprenderem desde cedo a Fortalecer emoções, Orientar comportamentos, Controlar sintomas e Organizar pensamentos, representando a sigla FOCO do nosso grupo.

Eu gostaria de elencar 2 pontos essenciais que devem ser considerados pelos pais para o desenvolvimento saudável dos seus filhos:

Brincar ao ar livre

Crianças brincando ao ar livreAs crianças frequentaram uma chácara durante uma semana no período matutino. Foi incrível observar como cada uma reagiu diante daquele cenário magnífico. Realmente a Ciranda da Paz faz jus ao seu nome. O contato com a natureza traz paz, leveza e alegria, representadas por simples ações como: colocar os pés descalços na grama, procurar uma coruja nos bambus, dar comida aos coelhos, brincar de esconde-esconde nas árvores, ouvir o canto dos pássaros ou sentir o cheiro de uma flor. Essas sensações foram descritas pelas crianças o tempo todo, quer seja por um olhar, um sorriso ou até mesmo uma palavra. Quando eu perguntava como estavam se sentindo naquele local, a resposta era unânime: Eu me sinto feliz.

As atividades propostas foram minuciosamente pensadas e elaboradas com o objetivo de promover as habilidades socioemocionais das crianças. Obviamente que uma semana é pouco tempo, mas acreditamos que plantar a semente é o começo. Apesar das atividades lúdicas envolverem as habilidades, foi interessante observar o desejo delas em brincarem livres, leves e “soltas”. Soltas, mas sempre acompanhadas por adultos. Então, percebemos a necessidade de nos intervalos entre uma atividade e outra inserirmos o brincar livre.

A Ciranda da Paz não possui internet ou televisão e em NENHUM momento alguma criança me perguntou por nenhum dos dois. Percebi o quão importante é propiciar às crianças experiências VIVAS além das virtuais as quais estão acostumadas, isso para não dizer viciadas.

Interagir com outras crianças

A interação foi um ponto interessante pois boa parte das crianças não se conheciam. Isto gerou aproximações e alguns conflitos que fazem parte de qualquer grupo. O mais legal foi perceber a evolução de cada um. Eles souberam colocar em prática técnicas de relaxamento por intermédio da respiração, reconheceram seus erros e pediram desculpas, aprenderam a dividir os brinquedos mesmo quando não queriam e a respeitar o espaço e o tempo do outro coleguinha.

grupos de habilidades socioemocionais para criançasSão alguns exemplos de como a interação com o outro é fundamental para nosso desenvolvimento saudável. É importante construir relações benéficas que proporcionam aprendizagem mútua, respeito pelo outro, trocas de experiências, resolução de conflitos, modificação de pensamentos que não ajudam e principalmente reconhecer minhas próprias emoções (autoconhecimento) e aprender a me colocar no lugar do outro (empatia).

Por isso, recomendo aos pais que permitam que seus filhos brinquem com irmãos, amigos ou primos, pois o contato com outras crianças é insubstituível na infância. Muitas crianças apenas mantem contato com outras da sua idade na escola, contudo de modo superficial e se sentem sozinhas. Um caso interessante foi de uma criança filha única e bastante tímida que ao ser perguntada sobre seus amigos respondeu: Eu não tenho muitos amigos, o M. é meu amigo (M. é uma criança que ele acabara de conhecer no grupo).

Lembrando que essas dicas consideram as habilidades socioemocionais como ponto central de uma vida equilibrada e feliz. No início, algumas crianças tinham dificuldade em falar sobre suas emoções e principalmente reconhecer as emoções dos coleguinhas. Espero que esse projeto se torne um exemplo para que os pais e a comunidade escolar possam auxiliar na prevenção de futuros problemas emocionais e comportamentais. É primordial o trabalho dessas habilidades desde a infância para que as crianças se tornem adultos emocionalmente saudáveis atingindo sucesso em todos os âmbitos da vida.

Comente!

Fonoaudióloga e Mestre em Educação pela UFS, Carla Ulliane atende crianças autistas e com atrasos na aquisição da linguagem. Além de clinicar, presta serviços de consultoria em Educação Inclusiva e ajuda os pais a lidar com o peso do diagnóstico de autismo como Coach.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *