Carla Ulliane

3 Passos para Ensinar uma Criança Autista a usar o Banheiro

Uma mãe me contou esses dias como é difícil fazer sua filha autista parar de usar fraldas, principalmente à noite. Por isso, resolvi escrever esse post contando os 3 passos para realizar o desfralde de uma criança com autismo e ensiná-la a usar o banheiro.

Para atingir esse objetivo, você busque estratégias para motivar a criança utilizar o vaso. Como isso é possível? Os pais podem usar estímulos engraçados e coloridos, propor convites super-animados e por meio de brincadeiras que favoreçam o trabalho de conscientização para o uso do banheiro, considerando a possibilidade da criança fazer xixi e cocô no penico ou vaso.

Lembrando que esse processo precisa ser divertido para seu filho. Brincar de teatrinho com fantoches, bonecos e ursos da criança usando o banheiro, tocar as músicas favoritas, decorar as mediações do vaso e o próprio também, levar papel, giz de cera e canetinha para a criança desenhar, ler histórias infantis e muita conversa são ótimas táticas.

Além disso, é importante que os pais escolham um período de férias do trabalho para acompanhar esse processo de desfralde, pois para algumas crianças pode ser rápido, já para outras nem tanto. Os adultos necessitam de muita tranquilidade e paciência durante esse período e, principalmente, compreender o momento certo para retirar as fraldas dos seus filhos, segundo especialistas é recomendável a partir dos dois anos.

O primeiro passo

Quando os pais estão auxiliando seus filhos no processo de desfralde é aconselhável que retirem suas fraldas no período do dia, de preferência em um horário que ela permaneça em casa. Lembre-se de escolher um local fácil para limpar possíveis momentos de xixi e cocô na roupa e/ou no chão.

Faça isso no espaço ou quarto reservado para a criança brincar, assim devemos acompanhá-la durante a brincadeira e prestarmos atenção nos sinais que ela vai demonstrando quando surge a vontade de evacuar. Então prontamente os pais convidam e a levam até o penico ou vaso para que aprendam a usar o banheiro.

Não esperem a criança pedir para ir ao banheiro, pois é necessário insistir e ficar perguntando, pelo menos a cada duas horas, se ela está com vontade. Fiquem atentos após as refeições ou depois de beberem bastante líquido, neste momento intensifique o processo e, mesmo que não peça, leve-a até o vaso e deixe um tempo para tentar evacuar.

Segundo passo


Quando seu filho fizer xixi ou cocô na roupa ou no chão, não demonstre atitudes de reprovação, como raiva, nojo ou desapontamento. Evite falar “Fez cocô na roupa de novo!” e “Quando é que você vai aprender!?” O ideal é procurarmos um local reservado, limpá-lo e, em seguida, trocá-lo sem bronca ou qualquer emoção exagerada. Quando os pais repreendem os filhos, eles podem criar bloqueios e prender o cocô para não estressar o pai ou a mãe, ou permanecer com a bexiga cheia e causar futuras infecções urinárias.

Explique que vai parar um pouco a brincadeira para poder se limpar, de maneira bastante tranquila e carinhosa. Quando a levamos até o vaso incentivamos o seu uso na próxima vez e comemore cada pequeno avanço desde uma pequena aproximação do banheiro até o uso do penico ou vaso sanitário.

Terceiro passo

É interessante o uso da modelagem. Os pais precisam compartilhar com a criança sua experiência com o banheiro. Como assim? O pai ou a mãe contam para seu filho que eles também necessitam utilizar o banheiro e mais ainda, se possível, “demonstrem” como vocês ou até mesmo o irmão mais velho utiliza o vaso.

Além dessas dicas, deixo alguns cartazes que encontrei no Inspirados pelo Autismo. Eles são um material de apoio visual com o passo a passo para auxiliar as crianças autistas a usarem o vaso sanitário. Esses cartazes podem ser colocados em casa, na escola ou nas clínicas. São quatro exemplos de cartazes ilustrativos um para meninas e três para meninos (um para xixi em pé, um para cocô e um para xixi sentado e cocô).

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Fonoaudióloga e Mestre em Educação pela UFS, Carla Ulliane atende crianças autistas e com atrasos na aquisição da linguagem. Além de clinicar, presta serviços de consultoria em Educação Inclusiva e ajuda os pais a lidar com o peso do diagnóstico de autismo como Coach.