Os 3 Níveis do Autismo - Carla Ulliane

Os 3 Níveis do Autismo

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O diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) vem acompanhado de muitas dúvidas. Os pais se questionam após a confirmação: “Existem níveis de autismo?”. Antes de responder vou explicar, de modo resumido, as principais mudanças que ocorreram após a publicação do DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders).

Para quem ainda não conhece o DSM-V é uma publicação da Associação Psiquiátrica Americana que está em sua quinta edição. Trata-se de um manual usado por médicos com objetivo de fornecer critérios precisos na elaboração diagnostica no campo da saúde mental.

A primeira mudança se refere à nomenclatura, ou seja, o Autismo até o DSM-IV fazia parte de um grande grupo chamado Transtornos Globais do Desenvolvimento, haviam os subgrupos Transtorno Autista, Transtorno de Asperger, Transtorno Desintegrativo da Infância, entre outros.

De acordo com a nova revisão, o DSM-V, a classificação Transtornos Globais do Desenvolvimento foi substituída pelo novo termo Transtorno do Espectro Autista (TEA). O objetivo foi acabar com as inúmeras subdivisões existentes e inclui-las dentro de um único grupo. Na prática clínica muitos profissionais não se baseavam nas diferenças entre os vários subtipos, mas sim utilizavam os níveis de severidade do transtorno como principal critério. Agora, segundo o DSM-V, o TEA pode ser classificado em:

Nível 1

Nível 2

Nível 3

Você pode estar se questionando: esses níveis de gravidade estão baseados em quais critérios? A resposta está relacionada a quantidade de apoio necessária para contemplar as necessidades de cada um, considerando as dificuldades na comunicação, nos interesses restritos e comportamentos repetitivos. Assim, como foi apresentado existem níveis e quando o diagnóstico é confirmado com Transtorno do Espectro Autista a criança pode estar no Nível 1, 2 ou 3.

Nível 1 – Necessidade de pouco apoio

Comunicação Social

  • Quais os graus do AutismoA criança necessita de apoio contínuo para que as dificuldades na comunicação social não causem maiores prejuízos;
  • Apresenta dificuldade em iniciar interações com outras pessoas, sejam adultos ou crianças, ocasionalmente oferecem respostas inconsistentes as tentativas de interação por parte do outro;
  • Aparentemente demonstram não ter interesse em se relacionar com outras pessoas.

Comportamentos repetitivos e restritos

  • Esse padrão de comportamento repetitivo e restrito ocasiona uma inflexibilidade comportamental na criança, gerando assim dificuldade em um ou mais ambientes;
  • A criança fica por muito tempo em uma única atividade (hiperfoco) e apresenta resistência quando necessita mudar para outra;
  • Alterações na organização e planejamento podem atrapalhar o trabalho pela busca da independência e autonomia da pessoa.

Nível 2 – Necessidade de apoio substancial

Comunicação Social

  • A criança apresenta um déficit notável nas habilidades de comunicação tanto verbais como não-verbais;
  • Percebe-se acentuado prejuízo social devido pouca tentativa de iniciar uma interação social com outras pessoas;
  • Quando o outro inicia o diálogo as respostas, geralmente, mostram-se reduzidas ou atípicas.

Comportamentos repetitivos e restritos

  • Apresenta inflexibilidade comportamental e evita a mudança na rotina, pois tem dificuldade em lidar com ela;
  • Essas características podem ser notadas por um parente ou amigo que raramente visita a casa da família;
  • A criança se estressa com facilidade e tem dificuldade de modificar o foco e a atividade que realiza.

Nível 3 – Necessidade de apoio muito substancial

Comunicação social

  • Há severos prejuízos na comunicação verbal e não- verbal;
  • Apresenta grande limitação em iniciar uma interação com novas pessoas e quase nenhuma resposta as tentativas dos outros.

Comportamentos repetitivos e restritos

  • Há presença de inflexibilidade no comportamento;
  • Extrema dificuldade em lidar com mudanças na rotina e apresentam comportamentos restritos/repetitivos que interferem diretamente em vários contextos;
  • Alto nível de estresse e resistência para mudar de foco ou atividade.

E o que eu faço com o diagnóstico do Grau de Autismo?

É importante salientar que independente do grau (leve, moderado e severo) a criança necessita de apoios específicos, pois geralmente o que diferencia são os sintomas que em alguns são mais sutis do que em outros. Como também a quantidade de terapias e o longo período dispendido aos tratamentos, outro fator considerável é a necessidade do uso da medicação, lembrando que não existe remédio para o autismo e sim para minimizar os seus sintomas, estes, variam de acordo com o grau, como você já pôde observar.

O mais importante é compreender que não importa o nível que seu filho esteja, lembre-se sempre de proporcionar os cuidados de acordo com suas necessidades específicas. Busque sempre o melhor para ele e não desista no caminho apenas porque seus sintomas são moderados e/ou severos. A caminhada é longa, mas foque sempre nos avanços e potencialize cada um deles. Eu escrevi um outro post que vai te ajudar caso tenha acabado de receber o diagnóstico.

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Fonoaudióloga e Mestre em Educação pela UFS, Carla Ulliane atende crianças autistas e com atrasos na aquisição da linguagem. Além de clinicar, presta serviços de consultoria em Educação Inclusiva e ajuda os pais a lidar com o peso do diagnóstico de autismo como Coach.

31 ideias sobre “Os 3 Níveis do Autismo

  • Acabei de receber o diagnóstico do meu filho com autismo leve.Não é nada fácil,fono,to,psicologia,psiquiatra mas não vou desistir de incentivar meu pequeno e tenho certeza que será um homem muito inteligente!!!

  • Sou mãe do Gabriel com autismo leve ele tem 12 anos e tem tido grandes progressos sempre ….quando recebi o diagnostico há 8 anos atras fui pesquisar e me informar e desta forma pude ajudar meu filho. Alem de todas as terapias necessarias é muito importante conhecer o autismo e amar incondicionalmente o autista como ele é.
    Assim fica mais fácil ajudar…

  • Ainda não temos diagnóstico fechado, mas meu filho apresenta sinais sutis dentro do espectro do autismo. Iniciamos as terapias (fono e TO) e percebo a evolução. Farei o que estiver ao meu alcance para tornar a vida do meu filho sempre melhor!! Ele decora os episódios que assiste com uma habilidade incrível! Embora saiba (pelo que li e recebi de feedback dos profissionais que o assistem) que isso é chamado de ecolalia, tenho certeza que pode ser utilizada de uma forma positiva na vida dele, só não sei ainda como, mas vou descobrir com a ajuda de Deus e da Ciência/ Medicina!

  • Oi pessoal. Sou nova por aqui. Meu filho tem 2 anos e meio e o diagnóstico não está fechado, mas acreditamos q esteja entre leve e moderado. Ainda não fala. Faz TO e fono. Gostaria de saber quais são os tratamentos essenciais pra ele neste momento, podem me ajudar!? Obrigada! Ana

    • Meu filho desde que nasceu me falaram que ele poderia ser autista mas não deu muita atenção ele tem 3 anos e faz dois anos que estou tentando uma consulta com neurologista consegui pra novembro mas ele tem todos os aspectos de um autista queria saber mas sobre

  • Tenho 37anos só fui diagnosticada aos 33anos pois sou autista em grau leve e isso mascara o quadro que faz com que as pessoas sejam ainda mais incompreensíveis achando que não tenho dificuldades.
    As pessoas dizem mais não parece que você é autista pelas habilidades sociais que acabei adaptando é como se eu disfarsasse bem.
    Mais quero esclarecer que mesmo sendo autista leve tenho muitas dificuldades.

  • Boa tarde, tenho 2 filhos com autismo, o Kaio com 8 anos e com autismo leve e que temos visto melhoras a cada dia, e o Jonatas com autismo severo, que tem 6 anos, ainda não fala, só algumas palavras e ainda não saiu das fraldas.
    O Jonatas é o que tem mais dificuldade, nao tem sido fácil, mas temos procurado dar uma atenção maior a ele, pois vemos que precisa muito, não sei em relação a vocês que aqui comentaram, mas o fato de ver os meus filhos assim, me entristece muito, principalmente o meu pequeno Jo natas que temos visto pouca diferença no seu desenvolvimento em relação a alguns anos atrás , mas eu e minha esposa temos nos esforçado para dar a ele o melhor.

  • Recebi há 2 semanas o diagnóstico de autismo leve do meu filho de 2 anos e 8 meses, confesso que estou na fase de aceitação, não está sendo fácil, mas começo a buscar mais informações sobre o transtorno do espectro autista, antes já havia estudado um pouco sobre o assunto na faculdade, mas ter um filho autista muda completamente o olhar.
    Adorei o artigo sobre o tema. Meus maiores medos estão ligados a falta de qualificação e recursos dos profissionais de saúde e da educação para auxiliar o desenvolvimento de uma criança diagnosticada com TEA

  • Ola meu filho tem 2 anos e 6 meses tem entendimento das coisas ao seu redor porém não é não fala nada algumas caracteristica dele se enquadra no traço autista no começo fiquei sem chão por que não é facil e agora estou passando na fono e ele esta na linguagem dos bebes pra mim ja um avanço pra quem não soltava um A se quer é agressivo mais como não temos laudo fechado não sabemos ao certo se ele se encaixa de repente na sindrome aspinger ou autismo de garu 1 . Eu agradeço a Deus por telo em minha vida só peço sabedoria para cria-lo bem

  • Oi sou mãe do Daniel e ele 8 anos é super inteligente aprendeu a lê sozinho e conhece todas as cores mais tem algumas dessas dificuldades tal como se relacionar com grupos de pessoas não quer ficar em escolas e tem dificuldade na fala quer dizer ele fala mais quando a gente pergunta algo pra ele em vez de responder ele repete a pergunta as vezes ele fica irritado quando tiramos algo dele eu vou leva ele no psiquiatra e não sei o que vão falar . Será que ele é autista?

  • Sou segunda professora de autista severo ..mas vou desistir..amu a criança..so que a mãe dele não admite..e não da os medicamentos..ele se auto- mutila..tem crise sensorial..e está me agredindo .. e estou com medo dele se machucar….

  • BOA NOITE, TENHO MUITO INTERESSE NESSE ASSUNTO, TRABALHO NA APAE DE MINHA CIDADE E ESTOU SEMPRE LENDO, PESQUISANDO SOBRE O AUTISMO. SÃO CRIANÇAS CAPAZES E NÃO TENHO DÚVIDA NENHUMA E COM AJUDA DA FAMÍLIA E MUITO AMOR ELES VÃO LONGE, DO JEITINHO DELES. APLAUSOS PARA OS PAIS, POIS SÃO ANJOS DESSAS CRIANÇAS AQUI NA TERRA, POIS DEUS SABE PERFEITAMENTE QUEM VAI CUIDA-LOS.
    CARLA AMEI SEU ARTIGO E ME AJUDOU MUITO.
    OBRIGADA
    ANA CARLA

  • Boa noite. Resido em Manaus Amazonas. Estou ficando cada dia mais preocupada. Tenho um filho de 10 anos com diagnóstico espectro autista, epilepsia, déficit de atenção. Estudou desde 2 anos, se comunica perfeitamente, articula bem as palavras. Mais infelizmente se isola e não consegue se alfabetizar. Onde e com quem recorrer? O tratamento ideal é em Brasília?

  • Olá, eu acho que sou autista leve, mas não tenho a certeza. A cena é que eu na verdade falo demais, mas por outro lado sou aluna prodígio e obcecada pelo Samuel.

  • Carla, meu nome é Marcus, sou professor de jiu-jitsu, e como tive aluno com asperger e um potencial de um aluno com TEA, estou estudando como posso ajudar nessa linda causa. Suas colocações são bastante interessante, e instrutivas. Obrigado.

  • Olá, Carla, parabéns pelo trabalho, Já que conhece muito sobre TEA, Poderia me passar bibliografia sobre TEA, abordagens, técnicas de controle de comportamento, o que não se pode prescrever, medicar. Quais as contra ndicações e ações pós eventos.
    E se tiver algo relacionado a hipnose melhor ainda. Sou Hipnodontista, peguei uma vez uma criança com TEA nivel 2, me falaram que era simples, e tive alguns problemas. Gostarei de aprender mais, para conseguir em uma próxima oportunidade, de controlar, abordar, melhor as crianças. Com conhecimento podemos ajudar melhor as pessoas!!! obrigado.

  • Muito bom o trabalho de apoio, que a profissional faz; orientando, norteando os pais que têm seus filhos com TEA, nos respectivos graus…! Tenho um filho, que tem TEA e, é muito importante que se dê atenção para que no futuro possamos ter um adulto não tão dependente…Obrigado.

  • O meu filho tem Tea e vai na contra mão da direção de muitas falas/ditos, de pessoas que acreditam saber sobre o assunto! Preciso até tomar cuidado para não me tornar chato…! O Davi com 05 anos passa por fono e Psicopedagogo…, já passou por 04 neuropediatras que se surpreende com ele… A última neuropediatra depois, atende-lo em seu consultório, onde havia uma parede com diversos 10 animais desenhos coloridos lhe perguntou: você conhece, ele disse sim. Então, ela começou apontar animal por animal, ele respondeu todos em inglês…citando quais tinham cores primarias e secundarias. Também compreende metáforas e outras figuras de linguagens….

  • Boa tarde, tenho um filho com 12 anos, foi diagnosticado o autismo o ano passado (TEA) e (TDH), mas desde o inicio da vida dele na escola tenho levado em profissionais que sempre disseram que não era nada, depois que meu pai sofreu AVC ele ficou pior no comportamento, ficou mais agressivo na escola ficava bem alterado e eles me ligavam quase todos os dias pra ir buscá-lo, até hj não conseguiu se adaptar em escola nenhuma pois sempre as pessoas brigam com ele, excluem ele das brincadeiras ou da rodinha de amigos. Isso quando os superiores da escola ameaçam ele, Teve uma professora que fez um B.ó. quando tinha 7 anos, tem muito medo de alguem chamar a polícia ou ir pro conselho tutelar, não gosta de sair de casa pra nada, é muito díficil convencer ele pra passear. Cada vez que passa estou ficando mais preocupada. Não sei mais o que fazer.

  • Boa noite . Muito obrigada pela maneira clara e objetiva como abordou o assunto . Meu filho se enquadra no nível 2 . A princípio não sabíamos ligar com ele e a situação . Agora estamos mais informados, conseguimos lidar com ele melhor . Foi de muita ajuda ler esse post, obrigada mesmo .

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